Cerraste os olhos dos entes amados, orvalhando-lhes o
rosto inerte com as lágrimas que te corriam da ternura despedaçada, e
inquiriste, sem palavras, para onde se dirigiam no grande silêncio.
Disseste adeus, procurando debalde aquecer-lhes as mãos
frias, desfalecentes nas tuas, e colaste neles o ouvido atento, no peito hirto,
indagando do coração prostrado a razão porque parou de bater.
Entretanto, o vaso impassível nada pode informar,
quanto à destinação do perfume.
Ergue as antenas da prece, no santuário da tua alma, e
perceberás o verbo inarticulado dos que partiram...
Saberás, então, que te comungam a dor, estendendo-te as
mãos ansiosas. Arrojados à vida nova, querem dizer-te que ressurgiram.
Extasiados, perante o sol que a imortalidade lhes apresenta, suspiram por
transfundir a saudade e o amor, no cálice da esperança, para que não
desfaleças.
Libertos do cárcere em que ainda te encontras, rogam-te
a paz e conformação, para que possam, enfim, demandar a renascente manhã que
lhes acena dos cimos...
Não lhes craves nos ombros a cruz da aflição, nem lhes
turves a mente, no nevoeiro de pranto que te verte da angústia.
Honra-lhes a memória, abraçando os deveres que te legaram,
e ajuda-os para que avancem com a tua benção, de modo a te prepararem lugar, na
pátria comum, em que todos nos reuniremos um dia.
São agora companheiros que te pedem fidelidade e
consolo para que te confortem, à maneira da árvore que solicita a rega da fonte
a fim de preservar-se contra a secura.
Ante o fel da separação, trabalha com paciência e
confia neles!... E quando a agonia da suposta distância te constrinja os
refolhos do espírito, deixa que eles próprios te falem ao pensamento, sob a luz
da oração.
(Mensagem extraída do livro "Justiça Divina", Emmanuel, psicografia de Chico Xavier, FEB)