Não passes
distraído diante da dor.
Nesses semblantes, que o sofrimento descoloriu e
nessas vozes fatigadas, em que a tortura plasmou a escala de todos os
gemidos, Jesus, o nosso Mestre Crucificado, continua incompreendido e
desfalecente...
Nessas longas multidões de aflitos e infortunados,
encontrarás a nossa própria família.
Quantos deles albergaram esperanças, iguais àquelas
que nos alimentam os sonhos, sem qualquer oportunidade de realização?
Quantos tentaram atingir a presença da luz, incapazes de vencer a opressão
das trevas?!...
Essas crianças, caídas no berço da
angústia, esses enrugados velhinhos sem ninguém, essas criaturas que a
ignorância e a provação mergulharam no poço da enfermidade ou no espinheiro do crime,
são nossos irmãos, à frente do Eterno Pai!...
Estende-lhes tua alma, na dádiva que possas
oferecer, guardando a certeza de que, amanhã, provavelmente, estarás
também suspirando pelo bálsamo do socorro, na bênção de um pão ou na luz de
uma prece amiga!
Recorda que as mãos, hoje, por ti libertadas
dos grilhões da penúria, podem ser aquelas que, amanhã chegarão livres e
luminosas, em teu auxílio!...
Ao pé de cada coração desventurado, Jesus nos
espera, em silêncio.
Socorre, pois, meu irmão, e na doce melodia do
bem, ainda mesmo que dificuldades e sombras te ameacem a
luta, ouvirás, no imo do coração, a voz do Divino Mestre, a encorajar-te,
paciente e amoroso: “Tem bom ânimo! Eu estou aqui”.
(Do livro "Caridade", pelo Espírito Meimei, psicografia de Chico Xavier)
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