Buscais a razão, a lógica e o
raciocínio do amor? Perdeis o vosso tempo. O verdadeiro amor não tem lógica,
nem razão, nem raciocínio consoante o critério humano. Sua ação se opera à
revelia da nossa razão.
O amor é soberano. Sempre que esse
sentimento se manifesta sob o império da razão, acha-se constrangido e
desnaturado. O amor puro não se reduz às restrições da lógica, nem tão pouco às
do raciocínio: é incoercível, sobrepuja a todos os demais atributos do
espírito.
O amor humano não é ainda a
expressão do verdadeiro amor, justamente porque age através da razão, porque
obedece a motivos determinados. O amor divino paira acima da razão, desconhece
motivos, desconhece raciocínios de qualquer espécie.
Jesus ensinou e exemplificou o amor
divino. Eis o padrão de amor que ele nos apresenta: “Tendes ouvido o que
dizem os homens: Amarás o teu próximo e aborrecerás o teu inimigo? Eu, porém,
vos digo: Amai os vossos inimigos e orai pelos que vos maldizem e perseguem
para que vos torneis filhos de vosso Pai que está nos Céus, porque ele faz
nascer o seu sol sobre bons e maus, e vir chuvas sobre justos e iníquos. Pois
se saudardes e amardes somente os vossos irmãos, que fazeis de especial? Não
fazem os gentios também o mesmo? Sede, logo, vós perfeitos, como vosso Pai
celestial é perfeito.”
Qual a razão humana que nos
aconselha a amar o inimigo, orar pelos que nos maldizem e perseguem? Onde a
lógica deste preceito: Àqueles que vos bater na face direita, oferecei-lhe
também a esquerda? Onde o raciocínio desta ordenança: A quem tirar a tua capa
dá-lhe também a túnica?
Tais mandamentos não se curvam à
nossa lógica, nem à nossa razão, porque são mandamentos do amor, e o amor
sobrepuja a todo o entendimento.
A fé do Crucificado importa mais
numa questão de sentimento que de entendimento.
O Cristianismo é a revelação do
amor. Jesus, o Verbo Encarnado, revelando-nos a Divindade, nos faz sentir que,
como disse João, Deus é
amor.
(Do livro "Nas Pegadas do Mestre", Vinicius, Editora FEB)
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