Olhando só para o chão,
percebeu apenas o movimento das sombras sem cor.
Sem coragem de olhar
para o céu, deixou de ver o voo azul das borboletas.
Apatia é doença da alma.
Congela a vontade, paralisa os movimentos, faz-nos
estátuas vivas.
Vivos-mortos que perdem o sentido de viver, que
cedem ao automatismo dos dias, que adquirem visão monocromática de tudo e de
todos.
Indiferença. Os apáticos sofrem do vício da
indiferença.
Acostumaram-se com as notícias ruins, as desgraças,
os flagelos destruidores, e tais fatos nem mais lhes tocam o coração. Não são
capazes nem de enviar bons pensamentos às vítimas.
Uma prece? Não. Prece é coisa de religioso fanático. – Dizem ou pensam.
Acostumaram-se com o jeitinho, esquecendo que tal maneira de negociar ou resolver as
questões é apenas corrupção disfarçada.
Acostumaram-se com as lágrimas dos outros e elas
não mais os emocionam. Foram obrigados a represar suas emoções. Expressar emoções é para os fracos.
– Cochicham.
Acostumaram-se com o mal... inacreditavelmente.
Acostumamo-nos a olhar mais para o chão do que para
o céu, esta é a verdade, e depois de um tempo nem achamos o chão tão ruim
assim...
Isso é gravíssimo, pois se perde a referência de
algo melhor, de algo maior, e todos precisamos mirar alto para poder crescer.
A apatia nos aprisionou em estruturas de
pensamentos absurdas, nos aprisionou à falta de emoções e em comportamentos
robóticos insensíveis.
Ela nos fez pensar que não somos capazes de mudar
nada, que tudo sempre foi assim, que a Humanidade não tem jeito e que nosso
futuro é desesperador.
O apático é alguém que
perde a batalha antes mesmo de enfrentá-la.
* * *
Elimina do teu
vocabulário as frases pessimistas habituais, substituindo-as por equivalentes
ideais.
Não digas: "Não
posso"; "Não suporto mais"; "Desisto".
Faze uma mudança de
paisagem mental e corrige-a por outras: "Tudo posso, quando quero";
"Suporto tudo quanto é para o meu bem" e "Prosseguirei ao preço
do sacrifício, para a vitória que persigo".
A apatia é doença da
alma, que a todos cumpre combater com as melhores disposições.
Na luta competitiva da
vida terrestre, não há lugar para o apático. Receando o labor bendito ou
dele fugindo, mediante mecanismos de evasão inconsciente, a criatura se deixa
envenenar pela psicosfera mórbida da autopiedade, procurando inspirar compaixão
antes que despertar e motivar amor.
Reage com vigor à
urdidura da apatia, do desinteresse.
Ora e vence o adversário
sutil, que em ti procura alojamento, utilizando-se de justificativas falsas.
A lei do trabalho é
impositivo das leis naturais que promovem o progresso e fomentam a vida.
Não é por outra razão
que a tradição evangélica nos informa: “Ajuda-te e o céu te ajudará”,
conclamando-nos à luta contra a apatia e os seus sequazes, que se fazem
conhecidos como desencanto, depressão,
cansaço e equivalentes.
(Redação do Momento
Espírita, com base no poema Apatia, de
Adélia Maria Woellner, e no cap. 35, do livroAlerta, pelo Espírito Joanna de Ângelis,
psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. LEAL)
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