quarta-feira, 28 de novembro de 2012

O Consolador Prometido


3 – Se me amais, guardai os meus mandamentos. E eu rogarei ao Pai, e Ele vos dará outro consolador, para que fique eternamente convosco, o Espírito da Verdade, a quem o mundo não pode receber, porque não o vê, nem o conhece. Mas vós o conhecereis, porque ele ficará convosco e estará em vós. – Mas o Consolador, que é o Espírito Santo, a quem o Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito. (João, XIV: 15 a 17 e 26)
4 – Jesus promete outro consolador: é o Espírito da Verdade, que o mundo ainda não conhece, pois que não está suficientemente maduro para compreendê-lo, e que o Pai enviará para ensinar todas as coisas e para fazer lembrar o que Cristo disse. Se, pois, o Espírito da Verdade deve vir mais tarde, ensinar todas as coisas, é que o Cristo não pode dizer tudo. Se ele vem fazer lembrar o que o Cristo disse, é que o seu ensino foi esquecido ou mal compreendido.
O Espiritismo vem, no tempo assinalado, cumprir a promessa do Cristo: o Espírito da Verdade preside ao seu estabelecimento. Ele chama os homens à observância da lei; ensina todas as coisas, fazendo compreender o que o Cristo só disse em parábolas. O Cristo disse: “que ouçam os que têm ouvidos para ouvir”. O Espiritismo vem abrir os olhos e os ouvidos, porque ele fala sem figuras e alegorias. Levanta o véu propositalmente lançado sobre certos mistérios, e vem, por fim, trazer uma suprema consolação aos deserdados da Terra e a todos os que sofrem, ao dar uma causa justa e um objetivo útil a todas as dores.
Disse o Cristo: “Bem-aventurados os aflitos, porque eles serão consolados”. Mas como se pode ser feliz por sofrer, se não se sabe por que se sofre?
O Espiritismo revela que a causa está nas existências anteriores e na própria destinação da Terra, onde o homem expia o seu passado. Revela também o objetivo, mostrando que os sofrimentos são como crises salutares que levam à cura, são a purificação que assegura a felicidade nas existências futuras. O homem compreende que mereceu sofrer, e acha justo o sofrimento. Sabe que esse sofrimento auxilia o seu adiantamento, e o aceita sem queixas, como o trabalhador aceita o serviço que lhe assegura o salário. O Espiritismo lhe dá uma fé inabalável no futuro, e a dúvida pungente não tem mais lugar na sua alma. Fazendo-o ver as coisas do alto, a importância das vicissitudes terrenas se perde no vasto e esplêndido horizonte que ele abarca, e a perspectiva da felicidade que o espera lhe dá a paciência, a resignação e a coragem, para ir até o fim do caminho.
Assim realiza o Espiritismo o que Jesus disse do consolador prometido: conhecimento das coisas, que faz o homem saber de onde vem, para onde vai e porque está na Terra, lembrança dos verdadeiros princípios da lei de Deus, e consolação pela fé e pela esperança.

terça-feira, 6 de novembro de 2012

SIMEÃO E O MENINO

 
 
Dizem que Simeão, o velho Simeão, homem justo e temente a Deus, mencionado no Evangelho

de Lucas, após saudar Jesus criança, no templo de Jerusalém, conservou-o nos braços

acolhedores de velho, a distância de José e Maria, e dirigiu-lhe a palavra, com discreta emoção:

-Celeste Menino – perguntou o patriarca -, porque preferiste a palha humilde da Manjedoura? Já

que vens representar os interesses do Eterno Senhor na Terra, como não vestiste a púrpura

imperial? Como não nasceste ao lado de Augusto, o divino, para defender o flagelado povo de

Israel? Longe dos senhores romanos, como advogarás a causa dos humildes e dos justos?

Porque não vieste ao pé daqueles que vestem a toga dos magistrados? Então, podereis ombrear

com os patrícios ilustres, movimentar-te-ias entre legionários e tribunos, gladiadores e

pretorianos, atendendo-nos à libertação... Porque não chegaste, como Moisés, valendo-se do

prestígio da casa do faraó? Quem te preparará, Embaixador Eterno, para o ministério santo?

Que será de ti, sem lugar no Sinédrio? Samuel mobilizou a força contra os filisteus, preservandonos

a superioridade: Saul guerreou até a morte, por manter-nos a dominação; David estimava o

fausto do poder: Salomão, prestigiado por casamento de significação política, viveu para

administrar os bens enormes que lhe cabiam no mundo... Mas... tu? Não te ligaste aos príncipes,

nem aos juízes, nem aos sacerdotes... Não encontrarias outro lugar, além do estábulo singelo?...

Jesus menino escutou-o, mostrou-lhe sublime sorriso, mas o ancião, tomado de angústia,

contemplou-o, mais detidamente, e continuou:

- Onde representarás os interesses do Supremo Senhor? Sentar-te-ás entre os poderosos?

Escreverás novos livros da sabedoria? Improvisará discursos que obscureçam os grandes

oradores de Atenas e Roma? Amontoarás dinheiro suficiente para redimir os que sofrem?

Erguerás novo templo de pedra, onde o rico e o pobre aprendam a ser filhos de Deus? Ordenará

a execução da lei, decretando medidas que obrigam a transformação imediata de Israel?

Depois de longo intervalo, indagou em lágrimas:

- Dize-me, ó Divina Criança, onde representarás os interesses de nosso Supremo Pai?

O menino tenro ergueu, então, a pequenina destra e bateu, muitas vezes, naquele peito

envelhecido que se inclinava já para o sepulcro...

Nesse instante, aproximou-se Maria e o recolheu nos braços maternos. Somente após a morte

do corpo. Simeão veio, a saber, que o Menino Celeste não o deixara sem resposta.

O infante Sublime, no gesto silencioso, quisera dizer que não vinha representar os interesses do

Céu nas organizações respeitáveis, mas efêmeras da Terra. Vinha da Casa do Pai justamente

para representá-Lo no coração dos homens.
 
(Mensagem extraída do livro "Pontos e Contos", de Irmão X, psicografia de Chico Xavier, FEB)