quinta-feira, 25 de junho de 2015

FUNDAMENTOS DO ESPIRITISMO




PERGUNTA – Se a Ciência, a Filosofia e o Evangelho são os fundamentos da Doutrina Espírita, como interpreta-los em sua justa significação?

RESPOSTA – Em Espiritismo, a Ciência indaga, a Filosofia conclui e o Evangelho ilumina.
Com a primeira, há movimento de opiniões, com a segunda, temos a variedade dos pontos de vista na matéria interpretativas e, com o terceiro, encontramos a renovação da alma para a Eternidade.
A primeira modifica-se, dia a dia.
A segunda evolui e transforma o seu quadro de conceituação da vida.
O terceiro, porém, é imperecível roteiro de elevação.
A Ciência e a Filosofia são meios, o Evangelho é o fim.

No esforço científico e na perquirição filosófica, o homem pode gastar indefinido tempo à procura das causas profundas do destino e do ser.
No Evangelho, porém, o coração e o cérebro despertam para o caminho da própria sublimação. Dentro dele, não há lugar para ilações provisórias. Resplandece a luz em todos os seus ângulos divinos, compelindo a criatura a humanizar-se, a angelizar-se e a santificar-se para a união com o Pai Supremo.


Em síntese concentrada, reconhecemos que, se a Ciência e a Filosofia são fundamentos indiscutíveis de nossa Doutrina Consoladora, em torno delas, o espírito costuma vaguear longos séculos, ao redor de concepções puramente humanas, enquanto que, no Evangelho, encontra nossa alma a companhia do Amigo Celestial, com quem é possível alcançar o monte da iluminação para a Vida Infinita, sem escalas através das estações de prova desnecessária, com ruinosa perda de tempo e de energia na Obra do Senhor.

(Emmanuel, do livro "Doutrina e Aplicação", psicografia de Chico Xavier, FEB)

terça-feira, 9 de junho de 2015

O DISPENSADOR DE BENÇÃOS



Do ponto de vista sociológico, tratava-se de um grupelho. Aparelhados e inexperientes, a sua importância advinha da presença de Jesus, que os conduzia com sabedoria, esclarecendo-os quanto aos negócios da Boa Nova. Eles próprios não se davam conta da grandeza do compromisso a que se haviam vinculado. Nem mesmo haviam proposto interrogações. Deixaram-se arrastar pelo magnetismo do Nazareno que os fascinava, e seguiram-no, sem consciência da revolução que se estava delineando e na qual teriam papel relevante. Quase todos os eram de procedência humilde, alguns mesmo analfabetos, conhecedores dos textos sagrados mediante a tradição verbal, ignorando as interpretações teológicas ou o significado místico dos seus conteúdos. Acreditavam em Deus por atavismo, sem profundamento de informações, reverenciando-o conforme os hábitos simples que adotaram e mantinham. Jesus era um desafio constante, que lhes ultrapassava a capacidade de entendimento. O seu porte físico e a Sua estatura moral não podiam ser mensurados e sem mais reflexões, isso lhes bastava para amá-lo, segui-lo e confiar nEle. Muitos dos seus discursos lhes escapavam à compreensão; não obstante, quando a massa se diluía, o Mestre ministrava-lhes particulares observações e esclarecimento próprios. Nunca poderiam imaginar que seus nomes e sacrifícios ficariam imortais nas páginas da História e nos sentimentos humanos, eles que a nada ou quase nada ambicionavam, além do entendimento das suas e das necessidades familiares mais imediatas. As revoluções, porém, não são constituídas por personagens importantes, de destaque no mundo, famosas no conceito social. Tornaram-se conhecidas depois do holocausto, da expansão ideológica, de haverem extrapolado a própria dimensão. Os mártires da Doutrina, que os seguiram, eram também gente humilde, sedentas de paz e esfaimadas de amor, que se nutriam do pábulo divino da esperança em um mundo melhor, rico em fraternidade e perdão. Jesus fizera-se como um deles, a fim de melhor os conduzir, utilizando-se da sua linguagem e diminuindo as suas aflições. Embora os Seus fossem motivos mais importantes e quase inalcançáveis para eles, simplificou-os e conseguiu sensibilizá-los de tal forma, que se deixaram de pertencer para imolarem-se mais tarde pelo ideal. Essa extraordinária saga, a da construção do reino de Deus no mundo dos homens, é a mais notável conquista do espírito inteligente em nome da solidariedade e do humanismo. Pode-se imaginar, embora a grande distância no tempo e a diferença de circunstâncias, o que eram aquelas gentes modestas e afligidas pelas asperezas existenciais. Os seus objetivos muito imediatos, resumiam-se nos labores do cotidiano, na resignação a que eram submetidas pelas imposições sociais arbitrárias, na conquista do pão, da roupagem e da pequena propriedade em que residiam, sem mais amplas aspirações...
As doenças eram-lhes cruéis sicários, ao lado da pobreza, do desprestígio, das lutas entre si... Jesus apareceu-lhes e abre-lhes um elenco de novas possibilidades, oferecendo-lhes recursos incomuns, oportunidades antes jamais imaginadas e causa uma rápida mudança de conduta. Os interesses servis se avolumam e as paixões se engalfinham em disputas constantes, de modo a beneficiarem-se da Sua presença, a merecerem as Suas concessões...

A mensagem dele, de renovação e de libertação interior, passava quase desapercebida, por cuja razão estavam sempre avolumando o número de párias morais e desajustados sociais, para que pudessem ser atendidos. Assim, a Sua fama se espalhou por toda a região de Cafarnaum, na Galiléia. As pessoas famosas perdem o direito à privacidade, ao repouso, a si mesmas. Os seus atos são vigiados e os seus pensamentos perscrutados. Devem ser originais e representativas das ambições dos seus aficionados. Não lhes são facultadas horas de paz, nem desfrutam as oportunidades de seres normais. Com Jesus assim acontecia, logo a multidão infeliz, aquela assinalada pelas dores excruciantes, se adensava, aguardando milagres. A palavra milagre significava-lhes o impossível, como até hoje e isso atraia a curiosidade. Negavam-se a acreditar no Seu poder de alterar a estrutura de muitas ocorrências, por conhecê-las integralmente. Desse modo, quando Ele chegou a Cafarnaum, após haver discursado na sinagoga, os amigos pediram-lhe que atendesse à sogra de Pedro que ardia em febre. Magnânimo e superior às questiúnculas da saúde física, compreendia, no entanto, o que a mesma lhe significava, Ele cuidava da saúde real, aquela que responde pela externa, mas as pessoas se preocupavam de maneira equívoca. Assim, desejando fazer-se respeitado, Ele inclinou-se sobre ela, ordenou à febre e essa deixou-a. Erguendo-se, imediatamente começou a servi-los. Ao pôr do Sol, todos quantos tinham doentes, com diversas enfermidades, levaram-lhos, e Ele, impondo as mãos a cada um deles curava-os. Também de muitos saíam Espíritos, que gritavam e diziam: Tu és o Filho de Deus! Mas Ele repreendia-os e não os deixava falar, porque sabiam que Ele era o Messias, e a hora da revelação ainda não chegara. Cada questão em seu momento próprio, e era necessário preparar o campo, fertilizá-lo, a fim de que as sementes de luz pudessem germinar e o Novo Dia se instalasse nos corações. Terminada a tarefa junto dos aflitos pelos próprios erros, aos amarrados a tresvarios obsessivos por consciência culpada, aos desesperados por haverem perdido a direção de sim mesmos, o Mestre retirou-se, para sintonizar com Deus, a Inexaurível Fonte de Vida. Procurando insistentemente pelas sucessivas ondas de necessitados que chegavam, intérminas, Ele explicou: - Tenho também que anunciar a Boa Nova do reino de Deus às outras cidades, pois para que isso fui enviado. ... E saiu a pregar nos campos, nas aldeias, nas sinagogas, nas praças, nas praias, em toda a parte onde se fizesse necessário. A primavera espiritual que Ele iniciava jamais se transformaria em outono de desesperança ou de inverno de sofrimento insuportável, porque Ele permanecia para sempre como o incomparável dispensador de bênçãos, renovando as paisagens do mundo moral da criatura humana de todos os tempos futuros.

(Do livro "Até o Fim dos Tempos", Amélia Rodrigues, psicografia de Divaldo P. Franco, LEAL)

sábado, 6 de junho de 2015

A MORTE ESPIRITUAL



A questão da morte espiritual é um dos novos  princípios que assinalam os progressos da ciência espírita. A maneira por que foi apresentada em certa teoria pessoal determinou, no primeiro momento, a sua rejeição, porque parecia implicar o aniquilamento, em dado tempo, do eu individual e assimilar as transformações da alma às da matéria, cujos elementos se desagregam para formar novos corpos. Os seres ditosos e aperfeiçoados seriam, na realidade, novos seres, o que é inadmissível. A eqüidade das penas e dos gozos futuros só se evidencia com a perpetuidade dos seres ascendendo a escala do progresso e depurando-se pelo trabalho e pelos esforços da vontade própria.
Tais as conseqüências que se podiam tirar, a priori, daquela teoria. Entretanto, devemos convir em que ela não foi apresentada com a empáfia de um orgulhoso que pretendesse impor o seu sistema. Disse modestamente o autor que apenas desejava lançar uma idéia no terreno da discussão, dado que dessa idéia poderia surgir uma verdade nova.
Ao parecer dos nossos eminentes guias espirituais, ele teria pecado menos quanto ao fundo, do que quanto à forma, que se prestou a uma falsa interpretação. Isso nos determina a estudar seriamente a questão. É o que tentaremos fazer, baseando-nos na observação dos fatos que ressaltam da situação do Espírito, em duas épocas, para ele, capitais: a da sua descida à vida corpórea e a do seu regresso à vida espiritual.
Por ocasião da morte corpórea, o Espírito entra em perturbação e perde a consciência de si mesmo, de sorte que jamais testemunha o último suspiro do seu corpo. Pouco a pouco a perturbação se dissipa e o Espírito se recobra, como um homem que desperta de profundo sono. Sua primeira sensação é a de estar livre do fardo carnal; segue-se o espanto, ao reparar no novo meio em que se encontra. Acha-se na situação de um a quem se cloroformiza para uma amputação e que, ainda adormecido, é levado para outro lugar. Ao acordar, ele se sente livre do membro que o fazia sofrer; muitas vezes, procura-o, surpreendido de não mais o possuir. Do mesmo modo, o Espírito, no primeiro momento, procura o corpo que tinha; descobre-o a seu lado; reconhece que é o seu e espanta-se de estar dele separado e só gradativamente se apercebe da sua nova situação.
Nesse fenômeno, apenas se operou uma mudança de situação material. Quanto ao moral, o Espírito é exatamente o que era algumas horas antes; por nenhuma modificação sensível passou; suas faculdades, suas idéias, seus gostos, seus pendores, seu caráter são os mesmos e as transformações que possa experimentar só gradativamente se operarão, pela influência do que o cerca. Em resumo, unicamente para o corpo houve morte; para o Espírito, apenas sono houve.
Na reencarnação, as coisas se passam de outra maneira.
No momento da concepção do corpo que se lhe destina, o Espírito é apanhado por uma corrente fluídica que, semelhante a uma rede, o toma e aproxima da sua nova morada. Desde então, ele pertence ao corpo, como este lhe pertencerá até que morra. Todavia, a união completa, o apossamento real somente se verifica por ocasião do nascimento.
Desde o instante da concepção, a perturbação ganha o Espírito; suas idéias se tornam confusas; suas faculdades se somem; a perturbação cresce à medida que os liames se apertam; torna-se completo nas últimas fases da gestação, de sorte que o Espírito não aprecia o ato de nascimento do seu corpo, como não aprecia o da morte deste; nenhuma consciência tem, nem de um, nem de outro.
Desde que a criança respira, a perturbação começa a dissipar-se, as idéias voltam pouco a pouco, mas em condições diversas das verificadas quando da morte do corpo.
No ato da reencarnação, as faculdades do Espírito não ficam apenas entorpecidas por uma espécie de sono momentâneo, conforme se dá quando do regresso à vida espiritual; todas, sem exceção, passam ao estado de latência. A vida corpórea tem por fim desenvolvê-las mediante o exercício, mas nem todas se podem desenvolver simultaneamente, porque o exercício de uma poderia prejudicar o de outra, ao passo que, por meio do desenvolvimento sucessivo, umas se firmam nas outras. Convém, pois, que algumas fiquem em repouso, enquanto outras aumentam. Esta a razão por que, na sua nova existência, pode o Espírito apresentar-se sob aspecto muito diferente, sobretudo se pouco adiantado for, do que tinha na existência precedente.
Num, a faculdade musical, por exemplo, será mais ativa; ele conceberá, perceberá e, portanto, fará tudo o que for necessário ao desenvolvimento dessa faculdade; noutra existência, tocará a vez à pintura, às ciências exatas, à poesia, etc. Enquanto estas novas faculdades se exercitarem, a da música estará latente, mas conservando o progresso que realizou. Resulta daí que quem foi artista numa existência, poderá ser um sábio, um homem de estado, ou um estrategista noutra, sendo nulo do ponto de vista artístico e reciprocamente.
O estado latente das faculdades na reencarnação explica o esquecimento das existências precedentes, enquanto que, por ocasião da morte, achando-se as faculdades em estado de sono pouco durável, a lembrança da vida que acaba de transcorrer é completa, ao despertar o Espírito na vida espiritual.
As faculdades que se manifestam estão naturalmente em relação com a posição que o Espírito tem de ocupar no mundo e com as provas que haja escolhido. Entretanto, acontece muitas vezes que os preconceitos sociais o desloquem, o que faz que certas pessoas estejam intelectual e moralmente acima ou abaixo da posição que ocupam. Esse deslocamento, pelos entraves que acarreta, faz parte das provas; cessará com o progresso. Numa ordem social avançada, tudo se regula de acordo com a lógica das leis naturais e aquele que apenas tiver aptidão para fabricar sapatos não será, por direito de nascimento, chamado a governar os povos.
Voltemos à criança. Até ao nascer, todas as faculdades se lhe encontram em estado latente, nenhuma consciência de si mesmo tem o Espírito. As que devam desenvolver-se não desabrocham de súbito no ato de nascer; o desenvolvimento delas acompanha o dos órgãos que terão de servir para as suas manifestações; por meio da atividade íntima em que se põem, elas impulsionam o desenvolvimento dos órgãos que lhes correspondem, do mesmo modo que o broto, ao nascer, força a casca da árvore. Daí resulta que, na primeira infância, o Espírito não goza em plenitude de nenhuma de suas faculdades, não só como encarnado, mas também como Espírito livre. Ele é verdadeiramente infantil, como o corpo a que se acha ligado, sem, contudo, estar neste comprimido penosamente. A não ser assim, Deus houvera feito da encarnação um suplício para todos os Espíritos, bons ou maus.
O mesmo, porém, não acontece com o idiota ou o cretino.Nestes, não se tendo os órgãos desenvolvido paralelamente às faculdades, o Espírito acaba por achar-se na posição de um homem preso por laços que lhe tiram a liberdade dos movimentos. Tal a razão por que se pode evocar o espírito de um idiota e obter respostas sensatas, ao passo que o de uma criança de muito pouca idade, ou que ainda não veio à luz, é incapaz de responder.
Todas as faculdades, todas as aptidões se encontram em gérmen no Espírito, desde a sua criação, mas em estado rudimentar, como todos os órgãos no primeiro filete do feto informe, como todas as partes da árvore na semente. O selvagem que mais tarde se tornará homem civilizado possui, pois, em si os germens que, um dia, farão dele um sábio, um grande artista, ou um grande filósofo.
À medida que esses germens chegam à maturidade, a Providência lhes dá, para a vida terrestre, um corpo apropriado às suas novas aptidões. É assim que o cérebro de um europeu é organizado de modo mais completo, provido de maior número de teclas, do que o do selvagem. Para a vida espiritual, dá-lhes um corpo fluídico, ou perispírito, mais sutil e impressionável por novas sensações. À proporção que o Espírito se engrandece, a natureza o provê dos instrumentos que lhe são necessários.
No sentido de desorganização, de desagregação das partes, de dispersão dos elementos, não há morte, senão para o invólucro material e o invólucro fluídico; mas, quanto à alma, ou Espírito, esse não pode morrer para progredir; de outro modo, ele perderia a sua individualidade, o que equivaleria ao nada. No sentido de transformação, regeneração, pode dizer-se que o Espírito morre a cada encarnação, para ressuscitar com atributos novos, sem deixar de ser o eu que era. Tal, por exemplo, um camponês que enriquece e se torna importante senhor. Trocou a choupana por um palácio, as roupas modestas por vestuários de brocado. Todos os seus hábitos mudaram, seus gostos, sua linguagem, até o seu caráter. Numa palavra, o camponês morreu, enterrou as vestes de grosseiro estofo, para renascer homem de sociedade, sendo sempre, no entanto, o mesmo indivíduo, porém transformado.
Cada existência corpórea é, pois, para o Espírito, um meio de progredir mais ou menos sensivelmente. De volta ao mundo dos Espíritos, leva para lá novas idéias; um horizonte moral mais dilatado; percepções mais agudas, mais delicadas. Vê e compreende o que antes não via, nem compreendia; sua visão que, a princípio, não ia além da última existência que tivera, passa a abranger sucessivamente as suas existências pretéritas, como o homem que sobe uma montanha e para quem o nevoeiro se vai dissipando, abrange com o olhar um horizonte cada vez mais vasto.
A cada novo estágio na erraticidade, novas maravilhas do mundo invisível se desdobram diante do seu olhar, porque, em cada um desses estágios, um véu se rasga. Ao mesmo tempo, seu envoltório fluídico se depura; torna-se mais leve, mais brilhante e mais tarde resplandecerá. É quase um novo Espírito; é o camponês desbastado e transformado. Morreu o Espírito velho, mas o eu é sempre o mesmo.

É assim, cremos, que convém se entenda a morte espiritual.

(Do livro "Obras Póstumas", Allan Kardec, FEB)

quinta-feira, 4 de junho de 2015

PERANTE O MAL



A Lei de Talião representou um progresso nos costumes da Humanidade.
Em decorrência dela, a vingança passou a ter limites.
Antes, por conta de uma ofensa, considerava-se justo dizimar toda a família do ofensor.
Depois, passou a ser olho por olho e dente por dente.
Ou seja, o mal que se retribuía não podia ser maior do que o recebido.
Jesus Cristo veio trazer a contribuição definitiva nessa seara.
Assentou que não se deveria resistir ao mal.
Que se alguém batesse na face direita, era preciso oferecer também a esquerda.
Que se alguém tomasse a vestimenta, convinha deixar também a capa.
Que se alguém obrigasse a andar uma milha, era para andar com ele duas.
São palavras fortes e plenas de simbolismo.
Por certo não significam se deva permitir que a agressividade e a violência tomem conta da Terra.
Não constituem autorização ou incentivo a que os fracos se transformem em besta de carga dos fortes.
Seu significado profundo parece ser o de que apenas o amor é eficiente no enfrentamento com o mal e os maus.
O revide, o ressentimento e o desejo de vingança apenas prolongam os desequilíbrios humanos.
Sob a égide do Cristo, deve instalar-se uma nova ordem de paz e generosidade.
O discípulo de Jesus é pacífico e pacificador.
Ele é manso, compreensivo, ordeiro e confiante na Justiça Divina.
Perante uma ofensa, em geral três condutas são possíveis: revidar, fugir ou oferecer a outra face.
O revide implica a continuação da luta e do desequilíbrio.
A fuga transfere o clima de ódio para solução futura e denota fraqueza moral, que estimula o violento.
A última alternativa é, sem dúvida, a mais difícil.
Perante a ofensa, oferecer a face contrária, a do perdão.
Esse ato de grandeza, consistente na imediata compreensão do desequilíbrio que há em qualquer ato mau, desestabiliza o agressor.
De repente, ele se vê lamentável como é, perante a serenidade do ofendido.
A violência tende a morrer asfixiada no algodão da paz que envolve quem ama.
É impossível vencer alguém com grandeza moral.
Em face dele, toda vitória é aparente e com sabor de cinzas.
Alguém em paz e pronto a desapegar-se da manta e da capa.
Que tem paciência e caminha mais do que o solicitado ao lado de quem lhe impõe o esforço.
Certamente não é fácil adotar esse gênero de conduta.
Entretanto, Jesus não apenas ensinou, como exemplificou.
Soube doar-Se em holocausto e Sua proposta vitoriosa segue transformando lentamente a Humanidade.
E é dEle o convite que ressoa através dos séculos:

Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me!

(Redação do Momento Espírita, com base no cap. 13, do livro A mensagem do amor imortal, pelo Espírito Amélia Rodrigues,psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. LEAL).
Em 25.5.2015