quarta-feira, 22 de julho de 2015

TUDO PASSA


Todas as coisas, na Terra, passam...
Os dias de dificuldades, passarão...
Passarão também os dias de amargura e solidão...
As dores e as lágrimas passarão.
As frustrações que nos fazem chorar...
um dia passarão.
A saudade do ser querido que está longe, passará.

Dias de tristeza... 
Dias de felicidade... 
São lições necessárias que, na Terra, passam,
deixando no espírito imortal as experiências acumuladas.

Se hoje, para nós, é um desses dias repletos de amargura,
paremos um instante.

Elevemos o pensamento ao Alto, e busquemos a voz suave da Mãe amorosa
a nos dizer carinhosamente:
isso também passará...

E guardemos a certeza, pelas próprias dificuldades já superadas,
que não há mal que dure para sempre.

O planeta Terra, semelhante a enorme embarcação,
às vezes parece que vai soçobrar diante das turbulências de gigantescas ondas.

Mas isso também passará,
porque Jesus está no leme dessa Nau,
e segue com o olhar sereno de quem guarda a certeza de que a agitação faz parte do roteiro
evolutivo da humanidade,
e que um dia também passará...

Ele sabe que a Terra chegará a porto seguro,
porque essa é a sua destinação.

Assim, façamos a nossa parte o melhor que pudermos,
sem esmorecimento, e confiemos em Deus, aproveitando cada segundo, 
cada minuto que, por certo...
também passarão..."

Tudo passa... exceto Deus!
Deus é o suficiente!

(Emmanuel, psicografia de Chico Xavier)

terça-feira, 21 de julho de 2015

APATIA



Olhando só para o chão, percebeu apenas o movimento das sombras sem cor.
Sem coragem de olhar para o céu, deixou de ver o voo azul das borboletas.

Apatia é doença da alma.
Congela a vontade, paralisa os movimentos, faz-nos estátuas vivas.
Vivos-mortos que perdem o sentido de viver, que cedem ao automatismo dos dias, que adquirem visão monocromática de tudo e de todos.
Indiferença. Os apáticos sofrem do vício da indiferença.
Acostumaram-se com as notícias ruins, as desgraças, os flagelos destruidores, e tais fatos nem mais lhes tocam o coração. Não são capazes nem de enviar bons pensamentos às vítimas.
Uma prece? Não. Prece é coisa de religioso fanático. – Dizem ou pensam.
Acostumaram-se com o jeitinho, esquecendo que tal maneira de negociar ou resolver as questões é apenas corrupção disfarçada.
Acostumaram-se com as lágrimas dos outros e elas não mais os emocionam. Foram obrigados a represar suas emoções. Expressar emoções é para os fracos. – Cochicham.
Acostumaram-se com o mal... inacreditavelmente.

Acostumamo-nos a olhar mais para o chão do que para o céu, esta é a verdade, e depois de um tempo nem achamos o chão tão ruim assim...
Isso é gravíssimo, pois se perde a referência de algo melhor, de algo maior, e todos precisamos mirar alto para poder crescer.
A apatia nos aprisionou em estruturas de pensamentos absurdas, nos aprisionou à falta de emoções e em comportamentos robóticos insensíveis.
Ela nos fez pensar que não somos capazes de mudar nada, que tudo sempre foi assim, que a Humanidade não tem jeito e que nosso futuro é desesperador.
O apático é alguém que perde a batalha antes mesmo de enfrentá-la.
*   *   *
Elimina do teu vocabulário as frases pessimistas habituais, substituindo-as por equivalentes ideais.
Não digas: "Não posso"; "Não suporto mais"; "Desisto".
Faze uma mudança de paisagem mental e corrige-a por outras: "Tudo posso, quando quero"; "Suporto tudo quanto é para o meu bem" e "Prosseguirei ao preço do sacrifício, para a vitória que persigo".
A apatia é doença da alma, que a todos cumpre combater com as melhores disposições.
Na luta competitiva da vida terrestre, não há lugar para o apático.  Receando o labor bendito ou dele fugindo, mediante mecanismos de evasão inconsciente, a criatura se deixa envenenar pela psicosfera mórbida da autopiedade, procurando inspirar compaixão antes que despertar e motivar amor.
Reage com vigor à urdidura da apatia, do desinteresse.
Ora e vence o adversário sutil, que em ti procura alojamento, utilizando-se de justificativas falsas.
A lei do trabalho é impositivo das leis naturais que promovem o progresso e fomentam a vida.
Não é por outra razão que a tradição evangélica nos informa: “Ajuda-te e o céu te ajudará”, conclamando-nos à luta contra a apatia e os seus sequazes, que se fazem conhecidos como desencanto, depressão, cansaço e equivalentes.

(Redação do Momento Espírita, com base no poema Apatia, de Adélia Maria Woellner, e no cap. 35, do livroAlerta, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. LEAL)

sexta-feira, 3 de julho de 2015

MEDIUNIDADE

A árvore que produz maus frutos não é boa e a árvore que produz bons frutos não é má.

(Lucas, 6:43)



O discurso de Jesus nesse tópico atingia mais profundidade, rumando para o Infinito, com objetivo de consolidar os Seus ensinamentos e exarar condutas lúcidas em relação ao futuro. As dificuldades vencidas a pouco e pouco, abriam espaço para novos desafios, e as perspectivas se apresentavam complexas senão desafiadoras.
Preocupado com a saúde integral dos Seus discípulos assim como daqueles que O seguiam, não podia deixar de abordar a transcendência do Espírito e o seu relacionamento psíquico com os homens terrestres.
Várias vezes, eles testemunharam o fenômeno atormentado da obsessão sob diversos aspectos, desde as convulsões de cunho epiléptico até as enfermidades físicas, as subjugações amesquinhantes e as alucinações mais frequentes. Também tomaram conhecimento da transfiguração diante de seres imortais e esplendentes no Monte Tabor, deslumbrados e comovidos.
Tornava-se, pois, indispensável desfazer a sombra coletiva, que pairava soberana sobre as pessoas sem orientação.
O povo estava tradicionalmente condicionado a aguardar que ocorressem espetáculos sobrenaturais em volta dos Profetas e de todos aqueles que se apresentavam em nome de Deus, como necessidade premente de manterem a débil claridade da fé quase sempre bruxuleante, que logo voltava a ser embrutecida pelas paixões decorrentes do egotismo perverso cultivado em exagero.
Porque pairasse um silêncio multissecular sobre o país a respeito do profetismo, quando antes era habitual, ao revelar-se o Messias, todos desejavam que o demonstrasse sem cessar, apesar dos inumeráveis sucessos que Ele produzia amiúde por onde passava.
A sede de novidades é sempre crescente nos indivíduos estúrdios e destituídos de percuciência para a identificação dos valores eternos e nobres da vida, permanecendo sem cessar à cata de distrações para fugirem da realidade de si mesmos e dos desafios que os surpreendem a todo momento, convidando-os ao crescimento interior.
Reconhecendo que seria breve o trânsito terrestre, e que o embuste e a mentira seguiriam no Seu encalço após a morte, foi peremptório, advertindo os amigos sobre a possibilidade do surgimento de falsos profetas, qual ainda ocorre nos dias atuais...
Como distingui-los? Quais os sinais de identificação que poderiam representar a sua autenticidade? E, de imediato, a imagem da árvore foi tomada como significativa e definidora da legitimidade de cada ser, irretorquível pelo seu conteúdo específico, graças ao qual, a árvore que produz maus frutos não é boa e a árvore que produz bons frutos não é má.
E óbvio que somente através dos atos, que revelam os valores morais de cada criatura, se pode avaliar se a mensagem de que alguém se faz portador é verdadeira.
Ninguém há que, dominado pela sombra, possa desvelar significados profundos, somente encontrados naquele que esteja identificado com a Fonte do Bem.
Mediante a conduta, portanto, os interesses e conveniências, se pode aquilatar sobre as qualidades morais do ser humano, porquanto são-lhe o documento digno de fé.
A ausência da sombra sempre favorece a presença do conhecimento e do discernimento, da ação oposta ao egoísmo, produzindo harmonia interna e não ambição, não competitividade vulgar e destruidora.
Autêntico em si mesmo, reflete o Psiquismo Superior da Vida e arrebanha outras criaturas, conduzindo-as na direção da plenitude, que já antegoza.
Adindo esclarecimentos à lição neotestamentária, posteriormente o Apóstolo S. João, na sua 1° Epístola, cap. IV, v.1, informou com sabedoria repassada de ternura:
- Meus bem-amados, não creiais em qualquer Espírito; experimentai se os Espíritos são de Deus, porquanto muitos falsos profetas se têm levantado no mundo.
Justo confessar que, já no seu tempo, surgiram os impostores, desejando orientar as massas e auferir recursos para a sua sombra, responsável pelos transtornos que causavam.
Reconhecidos pelo caráter doentio, assim mesmo prosseguiam enganando outros semelhantes, que se compraziam nos jogos da mentira e da disputa irresponsável, pelos prazeres do ego alucinado.
A imagem da árvore é novamente trazida para avaliação, respondendo sabiamente a respeito da qualidade de que se revestem as interferências espirituais, as profecias que se referem à vida transcendental.
Nesse texto de alta magnitude, a Psicologia Profunda cede lugar à análise da Psicologia Transpessoal, porque mais compatível com a mensagem, que haure na Psicologia Espírita a explicação clara e significativa, interpretando o fenômeno, na área da mediunidade, que serve de instrumento para a pesquisa sobre a sobrevivência do ser à morte física assim como a sua anterioridade ao berço, e, no intervalo entre uma e outra existência, a comunicação real.
Esse capítulo profundo da Psicologia Transpessoal ilumina-se com a constatação de que a faculdade que permite o intercâmbio entre os dois planos vibratórios - o terrestre e o espiritual - é da alma, que o corpo reveste de células para permitir a sua ocorrência. É semelhante à inteligência que, de origem extrafísica, no soma encontra os neurônios e outras moléculas especiais para a sua exteriorização.
Entre os hebreus, o profetismo era relevante para caracterizar os enviados de Deus aos homens e às mulheres. No entanto, não estava adstrito o seu significado exclusivamente à produção de feitos excepcionais ou sobre-humanos.
Jesus, o Homem, podia movimentar as energias e comandá-las, direcionando-as conforme a Sua vontade.
Dialogava com os Espíritos enfermos que a morte não libertara dos conflitos que os afligiram, nem das paixões asselvajadas, conseguindo atendê-los e auxiliá-los nas aflições em que se debatiam.
Adentrando-se psiquicamente no futuro, descerrou então parte da cortina que o velava, entreteceu considerações incomuns sobre o Seu ministério, morte e ressurreição, apresentando no futuro as consequências da insânia e da soberba humana, conforme o Seu sermão profético, que se tem cumprido desde o momento da destruição do Templo de Jerusalém, que fora previsto, até à Diáspora, e dali aos acontecimentos históricos, que se hão apresentado na sucessão dos séculos.
A mediunidade, portanto, é de essência espiritual, exteriorizando-se sob a interferência e direcionamento dos Espíritos que, de acordo com a sua procedência, semeiam sombras e aturdimentos, enfermidades e desaires ou luz mirífica de esclarecimento, de caridade, de amor.
A Psicologia Profunda reconhece-Lhe o poder, em face da Sua integração na Consciência Cósmica, na qual adquiria sabedoria e
renovava as energias em intercâmbio transcendente, inabitual para os seres humanos.
A sombra coletiva, no entanto, prossegue inquietando, e os indivíduos, açodados pelo ego não superado, esperam o Messias que os liberte dos vícios e da indolência sem o auto esforço, que lhes conceda felicidade sem a ocorrência de vexames, sem lutas, esquecendo-se que, mesmo que tal absurdo se fizesse normal, não poderia impedir-lhes a ocorrência da morte física, o enfrentamento com a autoconsciência e com a Realidade.
Para atendê-los, no turbilhão das aventuras do cotidiano, surgem e são celebrizados homens e mulheres prodigiosos, que se afirmam profetas e Cristos, capazes de solucionar os problemas gerais, menos os próprios, nos quais estorcegam em desespero insano.
A árvore, representando a anima da mediunidade, oferece o fruto, seu animus, em perfeita identidade. Uma e outro definem pela produção a qualidade que os constitui.
O profeta e as suas revelações, o animus e a anima da imagem elucidadora, compõem a unidade que, pela qualidade demonstrará se a sua é uma origem saudável, verdadeira ou enfermiça da sombra mentirosa e petulante.
Jesus assimilou as ideologias vigentes naqueles dias, mas não se deteve nelas, pelo contrário, ergueu-lhes o véu que as deixava sob trevas, referindo-se à necessidade da conquista desse sentido paranormal, que se encontra inato nos seres humanos, a fim de que possam superar os limites em que se debatem, ampliando-lhes as percepções psíquicas, morais e emocionais.
O ser real, à luz da Psicologia Espírita, é eterno, experienciando inumeráveis renascimentos físicos e evoluindo no rumo da Grande Luz, que o impregnará com a claridade da paz.
Por essa razão, a árvore que produz maus frutos não é boa e a árvore que produz bons frutos não é má, prosseguindo como lição psicológica de seleção de valores humanos, auxiliando a que sejam identificados e reconhecidos os verdadeiros profetas – os médiuns das verdades espirituais - e que, através dos seus atos sem sombra, mereçam respeito e consideração ou simplesmente compaixão e socorro.

(Do livro "O Evangelho à Luz da Psicologia Profunda", Joanna de Angelis, psicografia de Divaldo P. Franco, FEB)